quinta-feira, 26 de maio de 2016

BORA FALAR UM POUCO DESSA HIPOCRISIA DA "MARCHA PARA JESUS"

BORA FALAR UM POUCO DESSA HIPOCRISIA DA "MARCHA PARA JESUS"

1- Hipocrisia e incoerência

A primeira Marcha Para Jesus aconteceu na década de 80 em solo britânico. No Brasil, sempre esteve vinculada à Igreja Apostólica Renascer em Cristo, fundada pelo casal Hernandez. Não apenas fundada, mas de propriedade dos mesmos.
Acho que não é necessário citar a ficha corrida do referido casal. Réus confessos em solo norte-americano, respondem por intermináveis processos na justiça brasileira. Acredito que o histórico dos líderes desta denominação neopentecostal afaste, obrigatoriamente, qualquer pessoa sã e honesta do simples convívio com a famosa dupla gospel.
Outro fator bastante presente na ideologia formadora da marcha é sua incoerência. Uma análise superficial poderia transmitir a impressão de que se trata de um movimento inovador, moderno e libertário. Afinal, a grande massa presente no evento é formada por jovens. A linguagem utilizada pelos líderes é moderna, desvinculada do convencional discurso religioso.
Os vários grupos musicais fogem do chamado clássico sacro, ou até mesmo dos tradicionais hinos contidos nos vários hinários protestantes brasileiros. Tudo é alegre, direcionado a um público jovem e antenado. Rock, pop, pagode, axé e até funk embalam os jovens que marcham por Jesus. Mas essa linguagem moderna esconde um discurso tão conservador como aquele proferido em uma típica igreja batista texana, com a vantagem de que os batistas texanos não mascaram seu conservadorismo, ao contrário dos teens que marcham por Jesus. Além da clara plataforma homofóbica, representada pelo discurso monolítico do senhor Silas Malafaia, a análise de algumas músicas entoadas por certas bandas comprova essa incoerência moralista de forma clara. A Banda do P.A, formada por integrantes do Ministério de Jovens da Renascer em Cristo, tem uma música intitulada Quem ama espera. Creio que não é necessário transcrever o conteúdo da música. Trata-se de uma ode à virgindade pré-nupcial, refletindo mais o moralismo repressor agostiniano do que o tradicional conceito judaico a respeito da naturalidade de uma vida sexualmente feliz. Pode-se notar que a incoerência é outra característica da Marcha Para Jesus.

2- Evento mercadológico

O forte da Marcha Para Jesus não é a marcha em si, mas o grande show que tem início logo no alvorecer da tarde. Entre um discurso e outro de vários líderes evangélicos, várias bandas de música gospel passam pelo grande palco montado em uma importante praça da zona norte de São Paulo.
Agora se a dupla Hernandes dependesse apenas da Marcha em si, já sabe o que aconteceria, não é mesmo?! rs
Geralmente são grupos vinculados à Igreja Renascer ou a grandes gravadoras do mercado fonográfico evangélico. Apresentar-se na Marcha transformou-se em uma versão crente do Rock In Rio, garantindo aos conjuntos contratos bastante rentáveis e popularidade diante de um público consumidor ávido por esse tipo de música.
Não há espaço para a música evangélica alternativa, desvinculada dos grandes grupos mercadológicos. Muito menos é aberto espaço para grupos seculares que possuam letras belas e nobres. Afinal, tal música não passa de música do mundo, devendo ser evitada por crentes fiéis. A marcha tornou-se o principal evento das ricas gravadoras de música gospel do Brasil.

3 - A falácia promovida com esse show gospel

Se essa tal Marcha fosse mesmo para protestar e promover a contestar as injustiças que rolam aqui em solo brasileiro, por que então não se utilizam desse mecanismo religioso para o bem estar do povo brasileiro?
Durante os anos em que foi realizada em solo brasileiro, nunca nenhum protesto de cunho marcantemente social ocorreu! Nenhuma manifestação condenando mazelas como: racismo, machismo, elevada concentração de terra, analfabetismo, má distribuição de renda. Nada, absolutamente nada! Ao contrário de "Jesus", que levantou sua voz contra uma religião que se aliou com o poder explorador romano, os organizadores da Marcha para Jesus nunca teceram uma crítica pertinente à situação de miséria vivenciada por parcela substancial do povo brasileiro.
Contudo, na edição de 2011, defenderam uma teocracia gospel, criticando a acertada decisão do STF, a respeito da validação das uniões homoafetivas. Afinal, mesmo que não se concorde com o comportamento homossexual, nenhum evangélico deve empurrar suas convicções para todos os segmentos da sociedade brasileira. Não bastando, o discurso homofóbico foi corrente durante todo o evento.
Essa rentável Marcha Para Jesus não afrontou uma sociedade injusta e preconceituosa, mas aliou-se a ela.
Uma Marcha para "Jesus" na verdade sempre esteve fielmente cúmplice com essa sociedade doente, caótica e hipócrita. Apesar que a Marcha é o mais puro reflexo de um povo distante de si mesmo em tudo, onde viver e crer em utopias é bem mais encantadora e confortante do que a realidade de que você é o único que pode fazer a diferença em seu próprio mundo de ser e viver, no entanto é mais fácil ser escravos desses mercenários da fé do que em si mesmo. Por essas e outras razões é que se criam amigos imaginários para realizar todos os desejos das crianças mimadas ainda no jardim da infância.
O povo por sua vez envolvido nesse espetáculo gospel só falam de "bençãos", prosperidade e de se dar bem nada vida, como sempre se utilizando de barganhas com um Ser considerado tão perfeito e amoroso, sendo que até ele aceita subornos de suas avarentas e egóicas criaturas.
Em suma a Marcha nada mais é que uma espécie de um plágio do Ronk in Rio, só que com a embalagem Gospel no final. Como tudo na religião é assim, plágio sobre plágio.
E assim segue a religião refletindo a terrível realidade medíocre de um povo sem direção, sem propósito de vida, sem se importar consigo mesmo em nada que tange a própria livre consciência.
A mente ainda está entupida com a ideia do gênio da lâmpada que irá fazer e realizar todos os desejos. Isso tudo só mostra uma coisa quando as pessoas se tornam auto reféns, vitimizadas por suas próprias crenças culturais delatando explicitamente que elas acreditam em tudo, de forma pronta e mastiga, porém em si mesma isso nunca acontece de se acreditar piamente em si mesma. Onde crer em "Deus" ou alguma coisa semelhante a isso tornou se uma lei para uma sociedade escrava e religiosa, porém para os incrédulos é um crime cometido na visão dos santarrões e detentores da tal verdade absoluta.



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