quinta-feira, 2 de julho de 2015

Descortinando a Fé 1° Parte: A Culpa Imposta

Em algum momento no passado na antiga Mesopotâmia, o atual Iraque, os Hebreus, povo nômade, criador de gado e ambulantes, criaram sua mitologia a cerca da criação do homem e do todo a sua volta.
Não muito diferente das mitologias Sumeriana e Egípcia, a Hebraica baseava-se no conto de um deus todo poderoso que havia criado "os céus, a terra, o homem e os demais animais" em seis dias.
Seu deus, Yaveh, ou Jeová, não diferia em muito de seus rivais, exceto pelo fato de ser invisível e não precisar de subalternos, semideuses ou empregados para a realização de seus feitos grandiosos.
Este deus criara o homem, sua mais amada criatura. No entanto o homem consumia poeira, a água era escassa e a vida era difícil de ser vivida, os humanos não alcançavam 50 anos de idade.
Mas qual era a razão de a vida da criatura queridinha de Yaveh ser tão dura?
Nasce então entre os hebreus a história da culpa do homem por seu sofrimento:
O homem havia traído Yaveh.
Tendo sido criado como a mais honrada criatura da terra, a imagem de seu próprio criador, o homem preferiu o mal, provocando sua ruína, sua queda.
Vivendo em um jardim de delícias infindáveis, prazeres infinitos e deleites inimagináveis o homem viu-se tentado à pior das ofensas:
O conhecimento.
Mesmo advertido por seu criador para que ignorasse o fruto, frondoso e vistoso, da árvore do conhecimento do bem e do mal ele, convencido por sua mulher, que havia sido dissuadida por uma serpente, estendeu seu braço e comeu a tal fruta.
Pronto.
Estava feito.
Após a ingestão de estranhíssimo fruto, capaz de dar o conhecimento, viu-se o homem destituído de sua glória e, tendo-lhe restado a vergonha, fugiu da presença de deus.
Deus este que quando descobriu a façanha dissaborosa de sua criatura amaldiçoou-a, bem como a sua esposa e a serpente mexeriqueira, a serem errantes, sofredores e condenados aos fardos pesados da vida fora de sua assistência.



Os hebreus explicavam o surgimento, ou melhor criação, de tudo, exaltavam o poder de Yaveh e, de quebra, expunham a razão de a vida humana ser tão miserável e sofrida naquela época. 
Tudo culpa nossa!
Ah se tivéssemos obedecido!
Por descuido do primeiro homem nossa vida é tão difícil!
Certos de que seu antepassado pusera tudo a perder os hebreus começam sua jornada para agradar a Yaveh com o intuito ter uma vida minimamente digna, pelo menos aos padrões da época.
E tal qual seus vizinhos e contemporâneos estabeleceram guerras, conquistaram, foram conquistados, escravizaram, foram escravizados, mataram e morreram.
Tinham seu modo de viver baseado em sua crença em Yaveh, em seus desejos e vontades, em suas normas e ordenanças.
Constituíram uma sociedade patriarcal baseada em:
Matar, usurpar, tomar a força, estuprar, assassinar e destruir todos os contrários aos ideais de Yaveh, todos atributos marcantes e comuns de seu tempo: a era do bronze.
Quando enfim, séculos mais tarde, foram dominados pelo maior império do mundo até então, o romano, viu surgir em sua periferia os ensinamentos de um homem, alegado filho de seu deus, Yaveh, que pedia a paz e o amor ao próximo.
O homem transformou-se em mártir, o império transformou-se em estado e Yaveh converteu-se em amor puro, abandonando sua faceta bélica de outrora.
Contudo não era o fim da culpa do homem em relação a sua traição no mítico jardim do Éden.
Não.
Agora o homem precisava crer no filho de deus, aceitar que seu martírio era uma manobra de salvação para uma nova parte surgida na anatomia humana: a alma; ou seria relegado a uma eternidade de tormento em um novo castigo imposto pela desobediência do ancestral mal agradecido:
Um lago de puro fogo e enxofre.
Agora além de uma vida de restos, miséria e fome o homem havia de preocupar-se com um pedaço imortal dele mesmo do qual, até o aparecimento do filho de deus, era desconhecida ou relegada ao misticismo dos povos ao rededor dos hebreus.




Contudo algo não mudou:
O homem continuava culpado por abandonar as delícias do jardim e desobedecer a Yaveh.
E por essa culpa deveria obedecer uma instituição que fazia-se forte a cada dia mais e mais:
A igreja.
Uma igreja que levava o nome do filho de deus aos cantos mais remotos do planeta, enquanto queimava e destruía todo aquele que negasse esse mesmo nome.
Através da matança este filho ficou mundialmente conhecido, de fato relegamos a divisão dos períodos de nossa história a seu nascimento. 
Após muitas mudanças políticas e o surgimento da filosofia, Yaveh converteu-se no mais amável dos pais celestiais da história humana, enquanto seu poder psicológico crescia a olhos vistos, e a culpa do homem era reafirmada em sermões e pregações mundo afora.
Não é de se estranhar que os homens sintam dois sentimentos por Yaveh:
Amor e medo.
Amam Yaveh quando algo de positivo lhes acontece, como escapar da morte por exemplo, mas morrem de medo de sua "justiça" que é implacável quando aplicada.
No entanto perceba, caro leitor, que o "amor" que a humanidade nutre por deus é baseada em seu medo irracional do inferno e da morte aliada a sensação de conforto gerada pelo sentimento de que há um ser poderoso guardando e livrando cada crente em sua existência, mesmo quando essa "vigilância" falha e pessoas boas, ou crentes, morrem violentamente.
Mas.... de onde vem o medo que possuímos de deus?




O medo de Yaveh, de seus poderes mágicos ou vontade destrutiva, vem da "culpa imposta" do erro e da desobediência do primeiro homem.
Sentimento imposto e enfiado goela abaixo de nossas crianças desde o nascimento. Um simples"deus te abençoe" já carrega em sí uma carga de imposição:
"Yaveh está te abençoando, mas você já nasceu com o erro de Adão imputado à sua 'ficha', portanto já deve obediência, servitude e pedidos de desculpas eternos pela falha do, pretenso, homem primordial."
Foram 1000 anos sem questionar os escritos antigos, 1000 anos de um domínio contundente e esmagador da igreja romana sobre o mundo.
No entanto agora no despertar da consciência humana perguntas despontam como água em uma cachoeira:
"Sem entendimento de o que era desobediência, como Adão desobedeceu?"
"Por quê colocar a árvore bem ao alcance deles?"
"Que insanidade de cobra falante é essa?"
"Deus queria testar a fidelidade humana? Ele não é onisciente? Como testar a fidelidade se Adão não tinha a menor ideia do que era isso?"
"A serpente era o diabo? Com toda a onipotência e o universo inteiro para enviar satã, deus o manda justo para o Éden?"

E milhares de outras perguntas surgem a todo o momento.
Mas sinceramente... sabe qual é a resposta mais contundente de todas?
Não existe deus algum.
O que existe são os relatos de um povo antigo, de um tempo antigo, onde qualquer explicação possível para todo fenomeno desconhecido era a vontade ou a ira de deus em ação.
Olhe em volta.
Este mundo não é o mundo daquelas pessoas.
Uma criança de 11 anos hoje é mais informada que um homem de 30 era naquela época.
A primeira mentira imposta, imputada e empurrada em nossos cérebros infantis e indefesos é a culpa de um ancestral mitológico. 
Livre-se desta culpa.
Ela não existe, ela não é verdade, a não ser para mentes febris e assustadas com a possibilidade do novo e do conhecimento que liberta.

http://buscaderazao.blogspot.com.br/


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá caro leitor, deixe o seu comentário, será de grande importância o seu comentário aqui. Obrigado!! Volte sempre!!!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...